Tucumã é o município com menor legião de pessoas extremamente pobres, já que apenas 5,8% de seus 39.602 habitantes encontram-se nessa condição nada desejável.
Fonte/ Blog do Zé Dudu
Um exército de 3 milhões e 45 mil paraenses vivem, em algum lugar deste imenso estado, praticamente sem eira nem beira, à margem do desenvolvimento. Ás vésperas de receber o recenseamento geral da população, o Pará estagnou quando o assunto é progresso social.
O batalhão de paraenses considerados extremamente pobres, com registro no Cadastro Único do Governo Federal, é suficiente para montar praticamente dois estados do Tocantins, cuja população se aproxima de 1,573 milhão de habitantes, conforme a mais recente estimativa divulgada no final do mês passado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O Blog do Zé Dudu se debruçou neste sábado (14) sobre os registros administrativos do Cadastro Único, guardados pelo Ministério da Cidadania, e confrontou a pobreza no Pará e seus municípios com os números populacionais do IBGE para desvendar o tamanho do “sequestro” da pobreza no estado. Os números são vexatórios e sinalizam que, se nada for feito, o Pará se tornará em poucos anos a Unidade da Federação mais pobre do país, consolidando com troféu o atraso que lhe persegue.
Atualmente, 35,4% dos 8,603 milhões de paraenses são extremamente pobres porque sobrevivem com, em média, menos da metade da metade de meio salário mínimo. Ou seja, a renda teórica média é de R$ 125 mensais. Uma cesta básica no Pará, com valor de referência a partir de Belém, custava R$ 394 em agosto, segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
Além disso, a pobreza prosperou no Pará de forma tal que hoje 65 municípios (45% dos 144) já têm mais de 50% de sua população vivendo na miséria, conforme levantou o Blog (veja a tabela com os números oficiais).
Município com mais pobres que gente
Em Senador José Porfírio, ninguém sabe quem tem mais culpa no cartório: se o IBGE, que teria estimado a população local bem abaixo da realidade; ou se o Ministério da Cidadania, que teria computado pobres além da conta. O fato é que os números oficiais desses órgãos não batem. A situação é tão grave que, matematicamente, Senador José Porfírio teria, hoje, mais pessoas extremamente pobres que a população oficial.
Nas estatísticas locais do Cadastro Único estavam, até o final de junho deste ano, 12.249 moradores em situação de pobreza extrema. No dia 1º de julho, o IBGE estimou haver 11.658 habitantes. Proporcionalmente, 105% da população local estão na miséria. A conta não fecha.
Em situação tão dramática quanto estão Santarém Novo e Prainha, ambos no oeste paraense, onde a pobreza alcança, respectivamente, 97,5% e 95,4% dos moradores. Outro companheiro do oeste, Faro, aparece em quarto lugar, com 83,4% de seus habitantes considerados extremamente pobres. Com entre 70% e 80% de pobreza estão São Sebastião da Boa Vista (79,8%), Mocajuba (77,2%), Nova Esperança do Piriá (76,9%), Oeiras do Pará (76,1%), Anajás (75,7%), Gurupá (75%), Mojuí dos Campos (74,4%) e Afuá (71,2%). Diga-se de passagem, todos esses municípios — à exceção de Mojuí dos Campos, o último a ser criado no Pará — encontravam-se no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM), de 2010, no final da fila, com baixa qualidade de vida. E a julgar pelos números atualizadíssimos de pobreza de 2019, nada vai mudar quando o censo sair a campo coletando dados que servirão para a nova rodada do IDHM a partir de 2020.
Sudeste do PA com menos desequilíbrio
Dos dez municípios paraenses onde a pobreza é menos agressiva, o sudeste do estado emplaca sete representantes e, inclusive, as primeiras colocações. Tucumã é o município com menor legião de pessoas extremamente pobres, já que apenas 5,8% de seus 39.602 habitantes encontram-se nessa condição nada desejável.
Em seguida está Parauapebas, com 10,9%. Apesar do segundo lugar nas estatísticas, se os números do Ministério da Cidadania estiverem corretos, Parauapebas pode ter apresentado uma evolução no seu processo de empobrecimento sem precedentes. É que o IBGE registrou oficialmente 13,2% de extremamente pobres em 1991; 14,25% em 2000; e 4,42% em 2010. Sair de 4,42% para 10,9% representa avanço da extrema pobreza de quase 150% em nível local.
Depois de Tucumã e Parauapebas, surgem Castanhal (13,1%), Marabá (13,6%), Conceição do Araguaia (14,4%), Novo Progresso (14,5%), Ananindeua (14,7%), Rio Maria (16,5%), Ulianópolis (17,7%) e Redenção (18,5%). No sudeste do estado, o município proporcionalmente mais pobre é Palestina do Pará, onde 66% dos 7.589 habitantes estão na miséria.
Belém, capital, tem 21,2% de seus atuais moradores cadastrados como extremamente pobres. Na prática, é um pelotão de 315 mil pessoas vivendo na pindaíba, o que daria para entupir (até sobrar) a cidade de Santarém, cuja população municipal é de aproximadamente 305 mil residentes