Pará supera Bahia na produção de cacau

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De acordo com a Ceplac, o Pará tem produtividade média de 911 quilos por hectare e estimativa de crescimento de 7% a 9% ao ano até 2030.

Com informações do Portal ORM

O chocolate do Brasil deverá ganhar novo destaque no comércio internacional, num momento em que o Pará desponta como campeão na produção de cacau e começa a atrair indústrias importantes para a cadeia produtiva do fruto no Estado. Segundo relatório da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), a safra no Pará em 2017 foi de 132.720 hectares, com produção de mais de 120 mil toneladas de amêndoas secas. Se forem levados em consideração também os dados do IBGE, o Estado chega ao total de 125.104 toneladas na safra do ano passado, o que representa 54% da produção brasileira, superando a tradicional produção da Bahia, que amargou sua pior safra no ano passado, em razão de estiagem. Mas a Bahia ainda mantém a liderança do setor por concentrar maior quantidade de empregos e dominar a industrialização das amêndoas. Uma realidade que começa a dar os primeiros passos para mudar no Pará.

A produtividade da cadeia cacaueira no País foi o assunto debatido no dia 21, em audiência no Senado Federal, em Brasília, na Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo (CDR), onde se discutiram políticas públicas para estruturar a assistência técnica e garantir suporte financeiro à produção.

Na manhã seguinte, 22, a Barry Callebaut, maior fabricante de chocolate do planeta, já instalada em Ilhéus e Itabuna, municípios baianos que industrializam praticamente todo o cacau produzido na Bahia e também o do Pará, apresentou projeto à Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sedeme), para instalar uma indústria de liquor de cacau no Pará. Um investimento de mais de R$ 100 milhões. Mas, não é só isso.

A indústria de processamento de derivados do cacau Ocra Cacau da Amazônia Ltda, instalada na estrada do Tapanã, em Belém, no segundo semestre do ano passado, começou a produção do “nibs de cacau” – grãos tostados e quebrados – cuja etapa completa se dará agora no fim de março. Paralelamente, a empresa se prepara para a montagem da segunda e terceira etapas necessárias à fabricação da massa de cacau, manteiga de cacau e torta de cacau, dando início a um novo e promissor nicho de negócio, vital à industrialização do chocolate na Região Metropolitana da capital paraense (RMB). A Ocra foi prospectada pela Sedeme, recebe incentivos fiscais do Estado e é considerada uma das maiores processadoras de cacau do País, atendendo aos mercados interno e externo, com compradores na Europa e Estados Unidos. Em todo País, só existem outras três empresas do naipe da Ocra Cacau da Amazônia. São duas na Bahia e uma no Rio de Janeiro.

O gerente do Centro Internacional de Negócios (CIN) da Federação das Indústrias do Pará (Fiepa), Raul Tavares, observa que a participação brasileira no mercado mundial de frutos e amêndoas é ínfima. “Não existe comercialização de frutos. No ano agrícola internacional do cacau (outubro – setembro) 2016-2017, segundo a ICCO (Organização Internacional do Cacau), o Brasil participou com 4% da produção mundial’’, disse Tavares. Contudo, perguntado sobre a participação do Estado do Pará na produção brasileira, de frutas e amêndoas, ele assegurou que no ano civil brasileiro (2017), segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Pará participou com 54%. “Como pode ser visto, com 54% da produção nacional, o Pará superou a Bahia’’, acrescentou o gerente do CIN/Fiepa.

“O Pará, através da estratégia da Ceplac em incentivar e apoiar a implantação de cacaueiros somente em áreas alteradas, desde o ano de 1994, já recuperou, em termos de área, cerca de 140 mil hectares. Tal estratégia tem contribuído para a mitigação do passivo ambiental no Estado do Pará. Atualmente, existem cerca de 185 mil hectares de cacaueiros implantados aqui. Como essa atividade se reveste de um cultivo permanente e em Sistema Agroflorestal, estão armazenadas nessas plantas cerca de 200 milhões de árvores, aproximadamente 23 milhões de toneladas na forma de carbono sequestrado; é a contribuição da atividade cacaueira, desenvolvida por 25 mil cacauicultores, para a limpeza do meio ambiente mundial’’, ressaltou o gerente Raul Tavares.

De acordo com a Ceplac, o Pará tem produtividade média de 911 quilos por hectare e estimativa de crescimento de 7% a 9% ao ano até 2030. A força do segmento cacaueiro paraense tem distinção no Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC). Em outubro passado, o MDIC elegeu o Arranjo Produtivo Local (APL) de Cacau e Chocolate da região do Xingu, no Pará, como referência no 4º Encontro de Núcleos Estaduais, que antecedeu a 8ª Conferência Brasileira de Arranjos Produtivos Locais, que ocorreu em novembro em Brasília.

O APL de Cacau e Chocolate da região do Xingu tem apoio institucional da Sedeme, que mantém o Núcleo Estadual de Arranjos Produtivos Locais do Estado do Pará (NEAPL/PA), como estratégia do governo estadual de incentivar e estruturar APLs a fim de fomentar à industrialização da produção de matérias-primas naturais do Estado, conforme diretriz do planejamento estratégico Pará 2030. O segmento do cacau e do chocolate na região do Xingu é apenas um entre dezenas de APLs que vêm sendo construídos, coletivamente, em parceria com o setor produtivo, no âmbito da Sedeme. O programa prevê, entre outras ações, reuniões permanentes, para debates dos desafios e oportunidades para o desenvolvimento dos Arranjos Produtivos Locais.

Além disso, o APL do Chocolate do Xingu é registrado nos Ministérios da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCT). O titular da Sedeme, Adnan Demachki, admite que atualmente a maior parte da produção paraense, cujo município de Medicilândia, na Transamazônica, é o maior produtor, é exportada em forma de amêndoa, daí o esforço do Governo em fomentar o beneficiamento das amêndoas em território paraense.

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